A agropecuária paulista chega ao fim de 2022 com conquistas e desafios superados na bagagem. O Balanço 2022 da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) trouxe os principais destaques do segmento ao longo do ano, considerando fatores econômicos, políticos e ambientais. E, de modo geral, foram 12 meses positivos – ainda que desafiadores.
Para o presidente do Sindicato Rural de Itapetininga, Amauri Elias Xavier para o ano de 2023 o desejo é que o Brasil permaneça em paz e que seja um ano bom para todos. “E para o agro temos que agradecer por morar em um país tão privilegiado como o Brasil que nos permite termos várias safras durante o ano”.
Dados compilados pelo Departamento Econômico da FAESP mostraram que o agro paulista obteve os melhores resultados dos últimos três anos em termos nominais do Valor Bruto da Produção (VBP). “O Agro paulista registrou grande capacidade de superação e crescimento, mesmo enfrentando diversas dificuldades. Podemos citar a pandemia de Covid-19, que ainda gera consequências sobre a economia mundial, bem como sobre a brasileira. O processo inflacionário também ganhou força e tornou-se um desafio global. Já o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, deflagrado em fevereiro de 2022, causou sanções à economia russa, trazendo choques nos preços dos insumos e commodities”, afirmou o presidente da FAESP, Fábio de Salles Meirelles.
Destaques da economia agropecuária paulista
O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária projetado para o estado de São Paulo em 2022 é de R$ 139 bilhões, ultrapassando os R$ 122 bilhões no ano passado e os R$ 94 bilhões de 2020. Trata-se de um crescimento nominal de 14% e 48%, respectivamente.
O Departamento Econômico da FAESP também revelou quais são os maiores segmentos do agronegócio paulista. O açúcar é responsável pela maior fatia das exportações do agronegócio paulista (28,97%), movimentando US$ 5,5 bilhões por ano. O complexo sucroalcooleiro como um todo corresponde a 34,4%, com US$ 6,54 bilhões. Em seguida, vêm a carne bovina (15,8%, R$ 3 bilhões), a soja em grão (14,89%, R$ 2,83 bilhões) e o suco de laranja (7,82%, R$ 1,4 bilhões). As exportações do agronegócio paulista entre janeiro e outubro de 2022 atingiram US$ 21,4 bilhões, superando o apurado em 2021 e 2020. Vale lembrar que São Paulo é responsável por 15,75% das exportações brasileiras do agronegócio.
As maiores variações de preços agropecuários no acumulado entre janeiro e outubro foram apuradas na raiz de mandioca (77,3%), tomate (60,3%), banana nanica (52,4%) e café arábica (50,1%). Já no custo dos insumos, as variações mais acentuadas foram vistas nos itens MG-5 51 VC (752,4%), Massal 34 VC (266,4%), Glifosato (255,6%) e superfosfato simples (135,4%).
O estoque de empregos formais na agropecuária em outubro foi de 364.445 postos de trabalho, uma queda de 0,25% em relação aos últimos 12 meses.
Desafios de 2022
O produtor paulista enfrentou diversos obstáculos ao longo do ano. O conflito entre Rússia e Ucrânia, deflagrado em fevereiro, provocou restrições ao comércio de insumos e grãos na região, gerou sanções internacionais à economia russa e impactou os preços globais das commodities. As cadeias internacionais de suprimentos continuaram tentando normalizar seus fluxos e processos, mas muitos problemas persistiram ao longo do ano.
No Brasil, a restrita demanda doméstica deu o tom, reflexo do poder aquisitivo da população pressionado pela alta da inflação em 2021 e 2022. Da porteira para dentro, fenômenos meteorológicos, ambiente e economia impuseram dificuldades. Ocorrências de geada e seca comprometeram o desenvolvimento de diversas culturas. A isso foi somada a dificuldade de acesso ao crédito de custeio e investimento, com suspensão de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), insuficiência de recursos para o programa de subvenção ao prêmio de seguro rural e a elevação do custo de produção em 2022, na esteira da inflação nos combustíveis e fertilizantes.
As eleições para Presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais adicionaram incerteza ao cenário econômico, prejudicando ou adiando a tomada de decisões importantes.
Oportunidades e ameaças para 2023
Ano novo, vida nova. Segundo o Departamento Econômico da FAESP, já é possível antever algumas tendências que devem dominar o agronegócio ao redor do mundo. O aumento da demanda internacional, com destaque para o tema da segurança alimentar, abre as portas para os alimentos brasileiros. A segurança energética e o uso de fontes limpas, por sua vez, também ganha importância e ajuda a projetar o etanol brasileiro. A conciliação entre agricultura e preservação ambiental é outra exigência global na qual o Brasil pode brilhar, compartilhando com o mundo suas experiências.
Há, porém, algumas ameaças no radar. A taxação do agronegócio e a questão fiscal preocupam produtores de todo o Brasil. O tema de conflitos no campo e segurança jurídica também, variando de região para região. A área técnica da Federação também compartilha o receio de que o País adote uma postura protecionista, que pode ser prejudicial para exportações de commodities agropecuárias.