03 SET 2020
PADRE REINALDO RAMOS
O homem é, por natureza, um ser religioso. A sua vida não pode ser reduzida ao plano imanente. Ele, o homem, possui uma dignidade inviolável. É capaz de conhecer e penetrar as realidades metafísicas. Com seus pensamentos navega nas profundidades de sua própria vida e nela encontra a sua mais absoluta verdade.
A vida do homem é, portanto, envolvida por um grande mistério. Ele é capaz de perscrutar a sua essência. Veio à terra com uma missão e nada é um acaso. Tudo tem um sentido carregado de plenitude, tudo é sustentado por uma Divina Providência.
É no recolhimento e no silêncio que poderá ouvir a voz da sua consciência e projetar a sua vida para o que há de mais certo. É da consciência que nascem as melhores aspirações e inspirações.
Busca-se ansiosamente a verdade sobre si mesmo e sobre o mundo no “mercado livre” das idéias e dos conceitos organizados das ciências, quando a verdade profunda e verdadeira reside na sua própria interioridade.
Conhecer-se é um trabalho fatigoso que exige um êxodo para dentro de si mesmo. Sem esse caminho a vida fica radicada na superficialidade do “faz de conta”. E os dias passam ao cultivar futilidades que dão a aparência de uma vida feliz.
Envolvido em motivações externas, o homem, apresenta-se extremamente ocupado, inquieto no cumprimento de agendas pré-concebidas e levado pelo ritmo frenético das coisas que provoca cansaço e tédio. O resultado é a constatação de uma vida vazia e sem sentido.
Somos iludidos e ludibriados de que a felicidade se constrói com a aquisição de bens diversos, com o acentuado consumismo, com as aparições frequentes nas redes sociais, com a falsa premissa de uma vida bem-sucedida.
Se o homem é um ser religioso, como já afirmado, então ele poderá descobrir-se cada dia e, aos poucos, construir a sua verdadeira identidade, com ousadia e coragem ao voltar o olhar para si mesmo.
Certamente, o homem religioso, constatará que as maiores riquezas não estão fora de si e que a felicidade é o resultado de um encontro consigo mesmo. O homem religioso é aquele que se permite ler a sua própria essência e reconhece o que define essencialmente os outros.