05 NOV 2020
EVERTON DIAS/ MARCO VIEIRA DE MORAES
Com cerca de 1,5 mil habitantes, a comunidade do Rio Acima é composta por três bairros (Campo Largo, Faxinal do Rio Acima e o bairro Rio Acima propriamente dito). A localidade ganhou esse nome justamente por ser o primeiro bairro do município após o local onde nasce o Rio Itapetininga, ficando na divisa com outros municípios.
Sua economia é impulsionada pela produção agropecuária, principalmente estufas e fazendas, com grandes plantações de milho e soja, além de um rebanho bubalino que produz até cinco mil litros diários de leite, destinados à produção de muçarela.
Embora pertença a Itapetininga, a comunidade faz divisa com outros municípios, como Sarapuí, Pilar do Sul e São Miguel Arcanjo. Devido à grande distância da área urbana de Itapetininga (que pode variar entre 37 a 60 km, dependendo do caminho escolhido), os moradores optam por fazer compras básicas nas áreas urbanas dos municípios vizinhos.
A distância também seria o principal motivo, segundo moradores, do abandono do bairro por parte da administração pública de Itapetininga, uma situação que vem mudando nos últimos anos, ainda de acordo com habitantes locais.
‘Itapetininga começa aqui’, diz morador
Nascido no bairro e hoje com 38 anos, o comerciante Marcos Roberto Ferreira de Barros, o Marquinho, acredita que o Rio Acima é onde começa Itapetininga. “Muitas pessoas falam que o bairro é muito longe e que é o fim de Itapetininga, mas eu penso o contrário e acho que aqui é o começo, pois o Rio Itapetininga nasce aqui em cima. Então, estamos no primeiro bairro que o rio passa antes de seguir para Itapetininga”, explica.
Marquinho está a frente do bar do Carneiro, o primeiro do bairro e que funciona há exatamente 62 anos no local. O local é ponto de encontro de amigos e visitantes e sempre está cheio, principalmente aos finais de semana. “Começou com o meu avô depois passou para o meu pai e agora sou eu que cuido. Umas das marcas do nosso bar é a amizade”, diz ele.
Ele acredita que seu avô, Belarmino Ferreira de Barros, também tenha nascido no bairro, mas não sabe precisar a data. Segundo ele, o bar da família é pioneiro na comunidade e foi fundado por seu avô (no começo, era uma vendinha), que também criava porcos.
“O bairro aqui é muito bom, não é porque eu moro aqui, mas é um bairro bom de se viver, praticamente todos nós somos nascidos aqui no bairro, somos parentes um do outro e nunca saímos daqui’, conta o comerciante.
Melhorias
Marquinho diz que o bairro “tem melhorado muito. Praticamente quase em tudo, melhorou os comércios, as estradas melhoraram bastante” disse. O comerciante acredita que o bairro vai “crescer muito”. Na avaliação dele, “tá vindo muita gente de fora, construindo bastante chácaras, estão sendo feitos loteamentos próximos ao rio, e sempre tem gente que gosta de pescar, vem e acaba gostando do lugar e ficando”, concluiu.
Bairros movimentam mais de R$ 4 milhões por mês
O ar tranquilo e a atmosfera de interior podem passar a impressão que a comunidade não tem atividade econômica forte, mas não é isso que acontecem com os bairros da região. Segundo Antônio Carlos Pedote, integrante da Associação de Moradores, Agricultores, Pecuaristas e Afins do Faxinal do Rio Acima e Região (AMAPAFRAR), as principais atividades econômicas dos bairros, estufas e fazendas de soja, trigo e criação de búfalos, movimentam cerca de R$ 1 milhão por semana, o que dá em torno de R$ 4 milhões por mês.
“A economia aqui é basicamente agrícola. São muitas estufas. Os cálculos dizem que a movimentação aqui é de mais ou menos R$ 800 mil por semana só nas estufas; nós temos também grandes fazendas no bairro, que são produtoras de milho e soja, basicamente, todas com área plantada acima de 50 alqueires. Temos também grandes rebanhos de búfalo, com produção, em época boa, de quatro a cinco mil litros de leite por dia, que são destinados à produção de muçarela. Isso dá por volta de R$ 200 mil por semana. Os três bairros juntos movimentam cerca de R$ 1 milhão por semana; a nossa economia está bem alavancada”, disse.