03 ABR 2021
EVERTON DIAS
O advogado Anibal Porto ficou 59 dias internado no Hospital Dr. Léo Orsi Bernardes (HLOB) em tratamento contra a Covid-19. Com 80% do pulmão comprometido, ele ficou intubado. Saiu do hospital no dia 23 de janeiro. Com 30 quilos a menos e uma surdez adquirida após a doença faz parte da rotina, mas a sensação é de uma etapa vencida.
Em entrevista ao site Cidade Itapetininga, ele conta como foi a sua luta contra a doença desde o dia que foi contaminado. “Quando eu fui contaminado, eu tomava todos os cuidados necessários, usava máscara, álcool em gel, tinha todos os cuidados que Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta. Foi uma surpresa pra mim, ter pego o coronavírus”, disse.
Ele sentiu falta de ar e teve que ser internado. “Primeiro sintoma que tive, foi justamente a falta de ar, eu não tive perda de olfato, perda de paladar, simplesmente tive falta de ar e dessa forma que eu imaginei que estivesse com Coronavírus”, relata.
Anibal acredita que foi contaminado no trabalho. “Eu provavelmente me contaminei no trabalho, eu não estava saindo, me socializando então provavelmente foi no trabalho. Ninguém mais da minha família foi contaminado, somente eu”, disse.
Segundo ele, a evolução da doença foi muito rápida. “Eu comecei a sentir falta de ar, fui até o hospital e já fui internado imediatamente, nem houve tempo para que eu tivesse mais sintomas, que sentisse como foi a evolução, foi tudo muito rápido”, afirmou.
Ele procurou ajuda médica no Hospital Dr. Léo Orsi Bernardes (HLOB). “Procurei a minha ex esposa, com quem me dou muito bem. Ela era enfermeira lá e eu fui atrás dela para que ela me orientasse o que fazer, foi o momento que realizaram o exame clínico em mim e me orientaram a me internar”, afirma.

No hospital, ele entrou na emergência e teve que ser entubado. “Fui entubado, exatamente no mesmo dia que me internei e fiquei, aproximadamente, 30 dias entubado. Um pouco mais ou um pouco menos, eu não sei precisar”, relata.
Ele explica que a evolução foi rápida e não deu tempo para entender o que se passava. “Eu entrei no hospital dia 23 de novembro e saí no dia 21 de janeiro, eu me lembro que acordei no ano novo, com os rojões e ai eu não estava mais entubado mas eu não vi mais nada, não deu tempo de sentir medo da morte”, diz.
Anibal afirma que foi um milagre vencer a doença. “Fiquei inconsciente a maior parte do tempo, eu não tive noção do que eu estava passando ou não, eu simplesmente acordei depois soube que fiquei entubado, tive duas paradas cardiorrespiratórias e que estava vivo por um milagre. Eu tive 80% do pulmão tomado e foi realmente, graças ao trabalho dos médicos, da enfermagem, dos demais funcionários do hospital e lógico, de Deus, que eu estou vivo hoje”, diz emocionado.
O advogado também fala sobre o que sentiu ao sair e o tratamento que recebeu no hospital. “A sensação de sair do hospital é a sensação de estar vivo, de conseguir sua liberdade novamente, de retomar sua vida, foi essa sensação que eu tive. O tratamento que eu recebi no hospital Dr. Leo Orsi Bernardes, foi tratamento de hospital particular, de primeiro mundo, eu tive um tratamento vip por parte dos médicos, dos enfermeiros e dos outros funcionários. Fui muito bem tratado, eu só tenho a dizer que a equipe do hospital foi muito competente, só tenho que agradecer a eles”, afirma.
Retomada
Ele também falou sobre a retomada. “Na verdade eu estou retomando a normalidade da minha vida, durante 10 dias eu tive dificuldade em levantar e andar, depois desse tempo consegui e fui me movimentando melhor, hoje eu faço fisioterapia 3 vezes na semana e estou recuperando minha força melhor.
Anibal afirma que teve sequelas e que perdeu mais de 30 quilos. “Eu adquiri uma surdez por causa do coronavírus. Também perdi 30kg de massa muscular. Eu tinha boa forma física, ia na academia todos os dias. A recuperação é lenta e eu estou muito magra, em virtude de ficar muito tempo deitado”, relata
Espiritualidade
O advogado diz que vencer a Covid-19 reforçou a fé. “Eu sou kardecista e durante o período que eu fiquei dormindo, apagado, fiz algumas viagens, é uma experiência única, algo que é difícil explicar. Simplesmente reforçou minha fé. Eu me encontro mais em paz comigo, com minha situação humana e acho que espiritualmente só reforçou o meu desejo de viver e minha missão nessa vida”, diz.
Pandemia
Ele afirma que a pandemia virou uma tragédia no país. “Com relação a situação da pandemia hoje no país, eu acho uma tragédia, uma tragédia. Ultrapassamos a marca de 300 mil mortos, a mesma quantidade de mortos em 10 anos de guerra na Síria. Nós estamos vivendo uma situação de guerra e o pior disso tudo, é que nós temos um governante nessa nação, que é um negacionista, uma pessoa que não consegue enxergar pouco além de seu próprio umbigo e do umbigo de seus filhos. Ele fica negando, fazendo uma política de negacionismo, negação da validade da vacina, criando uma expectativa de um tratamento precoce que não existe. Eu acho uma tragédia, uma tragédia imensa. Não há limites para essa doença e, infelizmente, não há limites para bestialidade do nosso governante também”, diz.
Mensagem
“A mensagem que eu gostaria de deixar para população, é para que leve a sério a doença, para que se vacine, para que use máscara, porque essa doença não é brincadeira, ela mata! Se ela não mata, deixa sequelas, sempre deixa uma marca em alguém, então vamos evitar. Que os jovens respeitem o isolamento para não criar problemas para pessoas mais velhas dentro de sua casa, para que não crie um sentimento depois de remorso e arrependimento, para que viva e deixe viver, essa é minha mensagem”, concluiu o advogado.








