18 JUL 2020
REDAÇÃO
Itapetininga reabriu o comércio na última segunda-feira (13). Desde essa data, a cidade viveu sua pior semana levando em conta o número de novas contaminações. Foram 50 novos casos confirmados e 3 novas mortes. Para a médica infectologista Carolina Malavazzi, a reabertura neste momento na cidade não é adequada.
“Nas últimas quatro semanas, a cidade teve um aumento de mais de 50% no número de casos novos e um aumento de mais de 60% no número de óbitos, isso por si só seria um impeditivo para a reabertura do comércio”, explica em entrevista ao site Cidade Itapetininga.
Carolina Malavazzi é médica infectologista formada pela Unesp-Botucatu, com especialização em Controle de Infecções relacionadas à Assistência à Saúde, fez parte da Organização Médicos Sem Fronteiras trabalhando com epidemias em países africanos.
Segundo ela, outro fator impeditivo, seria a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19. “Em Itapetininga ela está significativamente alta, ficando em torno de 90%, chegando alguns dias até a 100%”, explica.
Segundo ela, para reabrir o comércio, Itapetininga deveria seguir os critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde(OMS): a transmissão da covid-19 deve ser controlada, ou seja, como o declínio do número de mortes por pelo menos três semanas e queda de pelo menos 50% da incidência em um período de três semanas após o pico; o sistema de saúde precisa conseguir detectar, testar e isolar e tratar todos os casos, além de rastrear, isolar e monitorar os contatos; os riscos de importação devem ser administrados; as comunidades devem estar completamente educadas, engajadas e empoderadas para se ajustarem à “nova forma” de viver.
Pressão do setor empresarial
Segundo a médica, muitos municípios, pressionados pelo setor empresarial, tendem a procurar alternativas que acabam por violar o direito básico de saúde da população. “Essa medida de reabertura deveria ser extremamente cautelosa, visto que envolve o iminente risco à vida das pessoas. As autoridades precisam entender que o uso de máscaras e as medidas de higienização não constituem alternativa para substituição da quarentena e distanciamento social”, conclui.
Isolamento até a vacina
Para a médica, o isolamento deve ser seguido até o surgimento da vacina. “O problema no Brasil é que uma grande parcela da população não tem condições financeiras para poder ficar em casa e é obrigada a ir trabalhar ou procurar emprego se expondo e contraindo a doença. O auxílio emergencial não é suficiente para cobrir despesas básicas como alimentação e moradia, sem contar no número alto de pessoas vulneráveis que não foram contempladas, na burocracia e falta de organização do Estado para a liberação desse dinheiro. Devemos como sociedade pressionar para que o Estado dê condições reais para que todas as pessoas possam se proteger ficando em casa”, afirma.