24 jun 2020
Redação
A prefeita Simone Marquetto (MDB) concedeu uma entrevista ao site Cidade Itapetininga e falou sobre o impacto do novo coronavírus no município. A entrevista foi realizada por meio de um aplicativo de vídeo na sexta-feira (19). Naquela data, Itapetininga atingia 182 casos confirmados de coronavírus, 11 óbitos e mantinha 61 pacientes em tratamento. Na entrevista, Simone também falou sobre as eleições municipais deste ano, a relação política com o ex-deputado Edson Giriboni (PV) e também sobre o anúncio de instalação de uma faculdade de Medicina na cidade.
Mesmo com os números de casos e mortes do novo coronavírus aumentando, Itapetininga começou, no dia 1º de junho, uma retomada gradual das atividades, permitindo a abertura do shopping, escritórios, imobiliárias e algumas lojas. Não há um contrassenso em reabrir no momento em que os números estão aumentando? Estamos participando deste plano de flexibilização estudado pelo governo do Estado de São Paulo com várias cidades da região. Estão aparecendo novos casos porque estamos aumentando a testagem destes casos. Hoje, todos os pacientes com sintomas são testados. No começo da pandemia, não sabíamos lidar com a situação e a cada momento foi surgindo um protocolo. Pudemos perceber que eram testadas só as pessoas que estavam internadas, depois as pessoas com mais de 60 anos e depois as que tinham doenças crônicas. A quarentena foi o primeiro passo e realizada para que as pessoas ficassem mais tempo em casa, para a conseguirmos estruturar a saúde pública. Foram menos acidentes e traumas, menos pessoas procurando hospitais por aquelas questões corriqueiras. Assim que o governo do Estado de São Paulo anunciou o plano e o repasse de verba, de imediato tomamos as ações, anunciamos os fechamentos e a suspensão dos serviços públicos. Hoje temos essa segurança e investimento para poder seguir o plano São Paulo de Flexibilização. Temos que trabalhar com saúde pública e economia. Se chegar lá na frente e começar aumentar o número de casos, independente do plano do governo estadual, a qualquer momento pode ter uma interferência e voltar a fechar.
Se chegar lá na frente e começar aumentar o número de casos, independente do plano do governo estadual, a qualquer momento pode ter uma interferência e voltar a fechar.”
Os dados atuais apontam para uma abertura maior ou para um novo fechamento das atividades? Estamos respeitando a Região Administrativa de Sorocaba. onde fica o Departamento Regional de Saúde (DRS), que regula as vagas de internação de unidades de terapia intensiva (UTIs) para toda a região. Algumas cidade pontuais estão apresentando mais problemas porque na minha visão demoraram para agir. Assim que tivemos essa situação do COVID, já mandei suspender as atividades e as pessoas ficarem em casa. Agimos respeitando os decretos e usando máscaras. Colocamos o decreto da máscara e suspendemos os eventos antes mesmo do governo do Estado de São Paulo. Antes do governo estadual mandar recursos, a policlínica já estava aberta e fazendo triagem. Também decidimos montar o hospital de campanha e investimos em qualificação dos profissionais. Sorocaba, por exemplo, demorou para agir em vários setores e hoje está mais afetada. Agora, o governador estuda deixar cada prefeito decidir o que fazer e acredito que é o melhor para cada cidade se organizar e atender os seus cidadãos.
A feira-livre voltou a funcionar aos domingos e pode ter ainda mais aglomeração de pessoas. Como a Sra. explica a volta do funcionamento da feira aos domingos já que os casos estão aumentando? Tínhamos colocado as feiras aos sábados justamente para termos pelo menos um dia de total distanciamento social. Entendemos que isso funcionou até para a flexibilização. Assim como o comércio e supermercados, há uma necessidade também desses feirantes fazerem as suas vendas. A obrigatoriedade que eles têm, deixei muito claro, é como qualquer outro estabelecimento: limitar o atendimento, colocar o álcool gel e a máscara. Pedimos o apoio da população neste entendimento. É para sair para fazer compras, não é hora de fazer passeios. Isso vale para a feira-livre e para qualquer outro comércio.
Itapetininga possui quantos leitos de UTI destinados a pacientes com coronavírus? O hospital tem 10 leitos convencionais de UTI para atendimentos a todas as patologias. Nós criamos mais 10 para atender especificamente o COVID, destes 6 estão credenciados com o governo federal e quatro com recursos próprios. Os 6 credenciados também estão disponibilizados para cidades vizinhas. E os outros 4, como não está credenciado pelo governo federal, eu exigi que estivesse à disposição somente de Itapetininga.
A cidade está preparada caso haja um aumento rápido no número de casos e internações? Para internações estamos preparados. Temos o hospital de campanha com 10 leitos e capacidade para 20, a enfermaria Covid dentro do hospital municipal e que existe antes do hospital de campanha. Também temos uma terceira estratégia que é a policlínica com 23 leitos exclusivamente para Itapetininga.
Um inquérito do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) investiga a instalação do hospital de campanha na cidade. Segundo o documento do MP, há pedidos de esclarecimento sobre suposta incapacidade da empresa contratada para a prestação de serviços e também sobre suposto superfaturamento de preço pago por meio de inexistência de licitação. Como vê essa investigação? Vejo como um ato político da pessoa que fez a denúncia. Acho que o MP está cumprindo o seu papel de fiscalizar o que foi denunciado, mas é totalmente um ato político. Não há superfaturamento e ao contrário de toda a região, temos o hospital de campanha com o menor custo e com maior qualidade e eficiência no atendimento. Todo mundo que passa por lá atesta isso. Todas as documentações atestam isso. O valor é bem abaixo de toda estrutura que temos lá. Estamos tranquilo em relação a isso. Nesta denúncia, por exemplo, foram retirados documentos que não levaram a verdade para promotoria. Quanto a capacidade da empresa para Covid, nenhuma empresa tinha, ninguém sabia que isso ia acontecer. Agora basta perguntar para os pacientes que estão passando por lá que vão atestar essa capacidade. Não é uma coisa que se põe debaixo da gaveta ou esconde em algum lugar. Basta entrar no hospital para ver a infraestrutura que temos hoje, a segurança para os profissionais de saúde pública e aos nossos pacientes.
A Sra. tem acompanhado os índices de desemprego, fechamento de empresas e queda de arrecadação na cidade. Qual a análise faz sobre o impacto econômico do coronavírus no município? Vamos começar pela prefeitura. Estávamos numa caminhada de gestão e economia, sempre negociando os valores com as empresas. Apesar de sentir já a queda na arrecadação, ainda temos fôlego para passar por esse momento, com margem de segurança. Se isso pode mudar daqui para frente, depende da pandemia, mas hoje temos o controle. Lógico que tivemos demissões, mas também fizemos anúncios importantes durante a pandemia de empresas como a JBS que ampliou as suas instalações e gerou mais empregos. Também tivemos novas empresas chegando. Algumas das maiores empresas que estavam aqui e deram uma parada na produção, depois sentiram o mercado e começaram a produzir. A própria 3M, que abastece o Brasil todo, também ampliou e contratou na cidade.
Como vê as atuações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e João Doria (PSDB) no combate ao coronavírus? Não quero falar disso, não (risos)! Eu tenho que me preocupar com a política local, prefiro apaziguar as situações aqui. Cada um tem uma estratégia, um pensamento. Eu tenho que cuidar de Itapetininga.
Em entrevista à imprensa no início do seu mandato a Sra. chegou a dizer, algumas vezes, que não tentaria a reeleição e hoje é pré-candidata. O que mudou de lá para cá? Pode ser porque tinha acabado de enfrentar um Hiram na campanha (risos). Devia ser fruto de um cansaço eleitoral. Sinceramente nunca pensei se vou para eleição ou não. Vivo muito o momento. Eu estava muito preocupada em atingir as minhas metas em atender as minhas propostas e fazer o melhor de mim. Passei por várias situações que a minha gestão teve que ajustar, herdei muitas coisas lá trás que tivemos que corrigir e isso não causava muito conforto para a cidade. Precisava correr atrás dos projetos porque sabia que projetos não eram realizados de uma hora para outra, eram para longo prazo. Eu me dediquei muito a Brasília, muito a São Paulo. Recebi críticas por isso, mas eu entendia que não faziam mal aquelas críticas, pois depois iria correr os frutos daquele trabalho que estava me dedicando fora e hoje o resultado está aí. São muitas obras e gerando emprego.
Como avalia esses quase 4 anos à frente da prefeitura? Eu aprendi muito. É uma experiência maravilhosa. Interferir na vida das pessoas é uma grande responsabilidade. Não podemos brincar de fazer política pública. Eu trabalhei muito. Fiz o que havia de possibilidade e o melhor de mim. Toda hora é preciso se posicionar com firmeza. Há um machismo ainda infelizmente, mas acho que conquistei o respeito da cidade. Muitas pessoas achavam no começo que teriam vários homens atrás de mim no comando, mas depois perceberam que isso não aconteceu. Esse respeito consegui conquistar com a cidade, com os próprios empresários, com a população em geral. Foram muitos dias de trabalho, acordando 4h da manhã, deixando de ver meus filhos, para me dedicar aos projetos de Itapetininga.
Há um machismo ainda infelizmente, mas acho que conquistei o respeito da cidade. Muitas pessoas achavam no começo que teriam vários homens atrás de mim no comando, mas depois perceberam que isso não aconteceu.“
Quais realizações a prefeita destacaria neste mandato? Eu tenho um cronograma de trabalho. Primeiro investi muito na construção civil. Esse ponto para mim foi estratégico. As pessoas querem emprego e como gerar emprego? Trazer uma indústria não é tão simples. Não depende somente do município, mas também dos governos estadual e federal. Queria fazer um trabalho que dependesse exclusivamente de Itapetininga e fiz isso com a construção civil. Abri as portas e gerei na cidade um canteiro com obras do governo e da habitação. A Educação é o segundo ponto. Como jornalista, brigava muito por zerar a fila de espera de creche e em valorizar os profissionais. Ao longo desses anos todos, o governo que mais investiu em Educação foi o meu. Terceiro ponto que considero importante é a questão da valorização do comércio, deixar a cidade mais moderna, começar a trazer marcas que vão exigir uma qualidade de profissionais mais capacitados. A Havan é uma grande conquista. Prefeitos do Brasil inteiro brigavam por uma unidade desta loja. Com a chegada da Havan, também fundi a questão daquele monopólio dos proprietários de áreas porque levei a loja ao Horto Religioso. Eu mostrei que dá para chegar na cidade e que não era preciso passar mais por aquela barreira que tinha antigamente. O Cometa, onde está o Burger King, e a Faculdade de Medicina são outros exemplos.
O que Itapetininga ganha com a instalação de uma faculdade de Medicina? Tudo, o mais importante para mim é a saúde pública. A faculdade consegue abrir vaga para o estudante de acordo com o número de leitos e atendimentos. Eles precisam estar na base, no posto de saúde, no hospital e sempre são orientados por especialistas que vão pegar os casos de saúde e fazer a fila andar. Vamos produzir essa mão de obra que hoje é escassa. A qualidade do atendimento à população vai ficar rica e com muita qualificação. Também a economia, pois teremos um perfil de estudante diferenciado que investirá no município. São pais que vão alugar um apartamento, comprar uma casa e movimentar a economia da cidade. Como é um curso caro, que realmente merece investimento maior, então é um potencial de investimento que é diferenciado. Mas o mais importante é o que ele me gera: melhor atendimento na rede pública.
A campanha eleitoral está para começar e uma pergunta que sempre fazem é sobre o deputado Edson Giriboni (PV). A Sra. receberá o apoio dele nessas eleições? A minha relação com ele é tranquila, não tenho nenhum problema com o ex-deputado Edson Giriboni. Ele tem meu respeito. Não foi declarado o apoio, onde ele vai estar ou se ele vai ser mais uma via. Acredito que ele, como um dos primeiros suplentes, deva assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O município entendeu que faz falta ter um deputado. Enfim, é uma escolha que vai ser dele. Você deve fazer essa pergunta a ele. Eu quero o apoio dele sim.
Tem um conversa de que a Sra. planeja se candidatar ao cargo de deputada federal nas próximas eleições para esse cargo. Procede a informação? Se comentam isso é porque veem que tenho a capacidade e isso me deixa feliz. Eu construí um bom relacionamento com Brasília, consegui conquistar espaços que fizeram a diferença para a cidade. Itapetininga é o município que mais conseguiu transformar pedidos de emendas em convênios assinados. Recebemos esse título pela própria Caixa Econômica Federal. Muitas pessoas que desconheciam, hoje conhecem Itapetininga. O nome da cidade roda nos corredores de Brasília. Os deputados sabem que existimos. Fiz questão de fazer esse trabalho institucional para que conhecessem Itapetininga. Somos a primeira cidade do Estado de São Paulo a conseguir o programa Avançar Cidades com investimento de R$ 30 milhões para o asfalto. Então nos transformamos numa referência e a região copia hoje projetos de Itapetininga. Antes a cidade não era olhada com tanto carinho como hoje. Essa proximidade com Brasília que faz com que as pessoas pensem nessa possibilidade.
Mas há a possibilidade? Não posso dizer se há ou não. Temos que deixar a coisa acontecer. O meu projeto hoje é tentar a reeleição.
Caso seja reeleita, qual será o foco nos próximos 4 anos? O que Itapetininga deve ganhar caso o seu trabalho seja continuado? Eu estou montando as minhas propostas de governo para dar continuidade em muitas situações que começamos, como asfalto e iluminação de LED. Mas há investimentos que podemos conseguir com a chegada da Faculdade de Medicina. Estamos caminhando para isso com o apoio do governo federal para Itapetininga virar referência na saúde.