O músico e compositor itapetiningano, Teddy Vieira, autor de mais de 300 músicas, entre elas “O Menino da Porteira” e “Rei do Gado”, será tema de um documentário que começou a ser produzido no ano passado. Com roteiro e direção de José Ricci, o filme deve ser lançado ainda neste ano. Além de Ricci, integram a produção o fotógrafo Brunel Galhego Ricci , o iluminador Marcelo Sanmiguel ,o pesquisador Pedro Brisola e o narrador e condutor da história, Bob Vieira. O projeto foi selecionado pela Secretaria de Cultura de Itapetininga e contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo.
Apaixonado pela cultura caipira, Ricci mergulhou fundo nas pesquisas para iniciar o documentário. “Essa escolha nasceu da vivência aqui na região, sempre tive interesse na cultura regional. Aqui em Itapetininga li muito sobre o tropeirismo e sou apaixonado por viola. Quando fiz com o Guga de Oliveira o projeto Sinfonia Fina, gravado em Tatuí, pude me aproximar mais ainda do do tema e, agora morando em Itapetininga, fui me aproximando ainda mais da obra do Teddy Vieira e lendo muitos autores que abordam o tema de maneira acadêmica e popular”, explica.
Além de Itapetininga, já foram gravadas entrevistas nas cidades de São Paulo, Brotas e Botucatu. Um dos entrevistados é o músico Sérgio Reis, que já gravou sucessos de Teddy Vieira, como “O Menino da Porteira”, um clássico que virou filme.”Tem sido uma experiência generosa demais, cada vez que falamos com alguém sobre o tema, desde entrevistados e amigos , há uma onda positiva , quase um encantamento. É uma coisa que só a viola tem , essa espiritualidade e afeto de quem toca esse instrumento é indescritível”, afirma o autor.
O produtor destaca a importância de Teddy Vieira para a música nacional. “É um personagem que esse documentário sozinho não conseguirá explicar. Ele, no pouco período de vida, conseguiu compor mais de trezentas canções , além disso foi um importante produtor e divulgador da música raiz. Sua música é atemporal , não há um lugar no Brasil que não conheça, cante e toque suas músicas”, afirma Ricci.
Segundo Ricci, a cidade de Itapetininga é o centro do documentário. “Aqui é o berço do Teddy Vieira, a cidade e as lembranças que ele carregou e que o proporcionaram estar onde está na cultura brasileira. Aqui também na cidade há um fenômeno musical permanente de muitos músicos com várias tendências. São gerações de grandes artistas que você encontra em toda a cidade. Temos aqui um Tom Jobim que é o Breno Ruiz, por exemplo. Também poderia citar uma centena de artistas da cidade que, de certa forma, ferve culturalmente em muitos aspectos e que talvez poucas pessoas saibam, então eu entendo isso como missão do filme , revelar essa gente dentro do mote do projeto”, diz.
Teddy Vieira Azevedo nasceu em Itapetininga no dia 23 de dezembro de 1922. Cursou o ensino primário em Itapetininga e em seguida transferiu-se para São Paulo, onde concluiu o secundário. Fez a primeira composição aos 18 anos, foi funcionário público, e aos 22 começou a trabalhar na Colúmbia, da qual foi diretor artístico.
Em 1965, faleceu num trágico acidente de carro na Rodovia Raposo Tavares, em Itapetininga. O compositor foi sepultado no cemitério São João Batista e o seu túmulo é muito visitado.
Foi justamente nas vozes da dupla Tião Carreiro e Pardinho que Teddy Vieira conheceu alguns de seus maiores sucessos, como o “Rei do gado”, “Nove e nove”, em parceria com Lourival dos Santos e Tião Carreiro, “O mineiro e o italiano”, com Nelson Gomes, “Porta fechada”, com Moacyr dos Santos e outras.