Morando em Itapetininga há 15 anos e lecionando em uma escola do município vizinho, o professor Nélio coelho, de 59 anos, autor de 2 livros virtuais focados para assuntos técnicos, está lançando o seu primeiro livro físico, intitulado Dando a volta por cima, com objetivo de incentivar as pessoas a realizarem os seus sonhos e objetivos.
Em entrevista ao Cidade Itapetininga, o autor, cuja esposa é nascida em Itapetininga e também é professora, fala como surgiu a ideia de escrever a obra e as dificuldades para publicar um livro físico.
“O livro todo, na verdade, é um convite para aquelas pessoas que tinham um sonho e, por qualquer motivo, não conseguiram realizá-lo. Por exemplo, há muitas pessoas que não conseguiram terminar os estudos. Pararam no ensino fundamental ou nem conseguiram concluir o ensino médio. Para esses eu convido a retornarem e concluírem essa etapa da vida, por meio do programa EJA – Ensino de Jovens e Adultos. Mostro que, ao pular essa fase, um novo mundo vai se descortinar à frente deles, e aí o céu é o limite”, diz o autor.
Ele também fala sobre seus trabalhos anteriores, publicados em plataformas virtuais na internet. “Já publiquei livros virtuais na forma de e-book, na área de concursos públicos, com o título “Como passar em qualquer concurso público” e disponível na plataforma Eduzz. Outro livro virtual, publicado na plataforma Herospark, com o título “Guia de criação de trabalhos acadêmicos” eu ensino como um estudante de faculdade pode realizar um ótimo TCC, do zero absoluto à entrega do trabalho à banca”.
O autor e professor esclarece que “como os dois livros virtuais publicados tratavam de questões técnicas pontuais (concursos públicos e trabalhos acadêmicos), eu resolvi encarar um velho sonho que eu tinha de escrever um livro físico e voltado para um público maior. Minha principal motivação em escrevê-lo foi quando comecei a lecionar em escola pública (Escola Estadual Ernestina Loureiro Miranda, em Itapetininga), ainda como professor substituto, e vi que havia numa classe da terceira série do ensino médio, um grupo grande de alunos que não tinham um plano definido a seguir após terminarem os estudos e, fatalmente, iriam engrossar as filas do subemprego e dos empregos informais. Então resolvi mostrar para estes e para outros milhões de brasileiros que passam as mesmas agruras que há sim uma saída para uma vida melhor e mais digna”.
Dificuldades
Nélio Coelho fala sobre a epopeia que foi escrever seu primeiro livro físico. “Olha, para escrever o livro não foi difícil, porque gosto de escrever e tinha muita coisa entalada na garganta pra por pra fora”, conta, rindo, acrescentando que “outra coisa que me beneficiou foi o fato de estar passando por uma pandemia e ter que passar meses preso em um apartamento. Nesta época, (2019/20), eu estava morando no Rio de Janeiro, porque estava trabalhando na Petrobras, via home office. Para enfrentar o tédio, nas horas que não estava trabalhando online, eu escrevia. As dificuldades maiores vieram na parte de publicação, porque tive que angariar recursos financeiros para publicá-lo por uma editora independente, editora Viseu, onde realizam a obra em parceria com os autores.
Havia a possibilidade de publicá-lo por uma editora tradicional, onde os custos de publicação ficam por conta totalmente da editora, porém, o caminho é bem mais penoso, uma vez que o autor tem que fazer uma via crucis para tentar conseguir ser ouvido. Além do mais, nessa modalidade, se o autor não tiver um bom agente literário para fazer a ponte com a editora, tudo fica ainda muito mais difícil”. Ele garante que novas obras virão por aí. “Escrever é um vício. É igual bebida, tomou o primeiro gole, aí não quer mais parar. Falando sério agora. Tenho planos de juntar alguns e-books que já tenho escrito, publicados e não publicados em um livro físico. Além de outras obras na minha área, Administração, que estão em processo de gestação”.
Mercado editorial
Na avaliação do autor, o mercado editorial brasileiro, “acredito que assim como em outros países, tem passado por grandes dificuldades. Várias empresas de grande porte do varejo de livros como a Saraiva e a Cultura fecharam as portas no ano passado. Com a chegada em massa dos mega marketplaces online, a exemplo das gigantes Amazon, Rakuten Kobo, e outros nacionais como Submarino, Americanas, Magalu, Cultura, dentre outros, o mercado de lojas físicas de rua minguou, ficando apenas algumas mega stores em shoppings e aeroportos”.
Nélio Coelho acredita que “dá sim pra viver da venda de livros, mas o caminho não é igual pra todos e a maioria precisa seguir com uma renda principal de outra origem e o livro como uma renda auxiliar por um bom tempo. Um autor independente, com poucos recursos financeiros para divulgação, (como é o meu caso), resta fazer o trabalho de formiguinha, divulgando através da mídia local, de forma orgânica nas redes sociais e torcendo para que o público leitor o descubra nas plataformas online. No entanto, há muitos autores brasileiros que conseguem obter sucesso financeiro com a venda de livros. Esses autores geralmente possuem um público fiel, têm uma estratégia eficaz de marketing e divulgação, e trabalham em parceria com editoras que oferecem suporte adequado. Esse parece ser o sonho de todo autor iniciante”.
Pouca leitura
Para o professor e autor, “historicamente o Brasil sempre leu pouco, se comparado com alguns vizinhos e países desenvolvidos. Para você ter uma ideia, a média brasileira de leitura de livros por ano, por pessoa é 4,4. Na Argentina é quase 11 livros lidos por pessoa, por ano. O Campeão é o Canadá, com 12 livros. Em uma comparação entre gerações, acredito que hoje se lê mais que nossos antepassados, mas nem tanto por um aumento percentual de leitores, mas pelo próprio crescimento vegetativo mesmo da população. Além de que é importante destacar que a leitura tem sido cada vez mais valorizada nos últimos anos. Houve um aumento na oferta de livros, tanto físicos quanto digitais, e um maior acesso a bibliotecas, livrarias e plataformas online de leitura. Além disso, iniciativas como feiras do livro, eventos literários e programas de incentivo à leitura têm buscado despertar o interesse das pessoas pelos livros”.
Na avaliação dele, as plataformas digitais são importantes ferramentas para incentivar a leitura. “Com certeza. Além das gigantes mundiais que já citei anteriormente, mesmo no Brasil tem crescido o número de plataformas digitais que antes não tinham livros na sua prateleira de produtos e agora aderiram com força, como o caso da Magalu e Americanas. Essa concorrência na internet traz muitos benefícios para o leitor e para a cultura de uma maneira geral, porque, pela facilidade de acesso ao material só em alguns cliques e pela absorção de todos os livros produzidos no país, que vem crescendo nos últimos anos, portanto, muito mais oferta nas mãos, o leitor tem dado preferência por esses canais de distribuição. Diga-se de passagem, que as plataformas não cobram pela divulgação de um livro, independente se o autor é iniciante ou veterano, pequeno ou um autor consagrado, logo, geram um mercado bem democrático. Veja, meu sobrenome é Coelho e em algumas plataformas, meu livro fica exposto ao lado de um autor consagrado de mesmo sobrenome. Um tal de Paulo Coelho. Isso não é legal?”, afirma Nélio, com bom humor.
Quem eu sou
“Eu sou formado em Administração pela Universidade Federal de Uberlândia-MG – UFU e tenho especialização em Matemática, Controladoria e Auditoria. Trabalhei em três empresas estatais, através de concurso público, são elas, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobrás. Atualmente atuo como professor de escola pública integral no município de Sarapui-SP, Escola Estadual Profª. Flora Prestes Cesar. Desde a publicação do meu livro, “Dando a volta por cima”, estou também atuando em palestras com temas ligados ao título do livro e da área de administração, temas como produtividade e comunicação eficiente no ambiente de trabalho. Essa é uma área que eu pretendo atuar mais fortemente daqui pra frente. Sou casado com a Rosy Coelho, também professora da rede pública, que é de Itapetininga, onde moramos atualmente e temos três filhos maravilhosos, Fernando, que mora e trabalha em Barcelona, Espanha, e as duas meninas, Ana Elisa, que estuda arqueologia na Uerj-RJ e Ana Paula, recém-formada em Fisioterapia pela Universidade Veiga de Almeida. Ambas ainda moram no Rio de Janeiro. Pelos empregos anteriores ao de professor, morei em diversos estados brasileiros, como Espirito Santo (minha terra natal), Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro. Essas experiências em diversos lugares me deram o privilégio de conhecer várias culturas diferentes e enriquecedoras e que geraram o gosto por viagens, que faço com frequência”.