Diretamente de Gotemburgo, na Suécia, a atleta itapetiningana, Camila Carvalho Messias, de 27 anos, enviou um relato da viagem e das provas do último fim de semana do Campeonato Mundial de Corrida de Obstáculos (OCR) 2025 que, segundo ela, não foram fáceis.
Para Camila, a grande variação climática e o fuso horário foram alguns dos desafios enfrentados pela atleta.
“Alguns dos desafios que a gente enfrentou aqui foi o clima, que muda muito. Ao mesmo tempo que está chovendo bastante, daqui a pouco o sol já sai, daqui a pouco volta a chover de novo. O ar aqui é muito puro, muito gostoso, mas essa parte do clima é um desafio um pouco grande para a gente, porque muda o tempo e já fica muito frio. A questão do fuso horário também. São 5 horas a mais do que aí no Brasil. Então, a gente sentiu um pouco de dificuldade de conseguir dormir. O relógio marcava meia-noite pra gente, aí ainda estaria fim da tarde, né? Então a gente não sentia tanto sono. Era começo da noite ainda no Brasil. A gente sentiu um pouco de dificuldade no começo. Dormimos pouco durante a noite”.
“Fizemos uma boa prova. Eu e mais uma amiga do Brasil, a Cristina Oliveira, de Porto Alegre. Ela também competiu comigo aqui. Só que ela é da categoria de outra idade. A categoria dela é 40 a 45 anos e a minha é de 25 a 29”.
Ainda em seu relato, a atleta relata como foram seus primeiros dias de competições.
“O primeiro dia foi a prova de 3 quilômetros com 20 obstáculos. Aí, no segundo dia, foi a prova de 12 quilômetros com 40 obstáculos. Aqui, a gente percebeu uma coisa que é diferente do Brasil e das outras competições que a gente participou. Os obstáculos são muito longos. São duas vezes ou até três vezes maiores. No meio do obstáculo a gente parava, respirava um pouco e depois continuava. Na minha categoria, tiveram duas baterias, mas tinham muitos atletas. Em uma das baterias, chegou a ter 90 atletas.
Outro detalhe é que nos obstáculos tinham vários juízes. Ficavam dois de um lado, dois do outro, um no meio, e eles acompanhavam tudo. Então, se você errasse um pontinho, eles já vinham e já cortavam a pulseira. Eles eram muito atentos a tudo, sem espaço para falhas. Isso eu achei muito impressionante. Outro detalhe também é que nos obstáculos aqui eles têm uma linha final. Você larga com três pulseiras no pulso. E se você cai em algum obstáculo, ou se você pisa na linha, se você erra em alguma coisa, você perde a pulseira. Se caso você perder as três pulseiras, você é desclassificado da prova. Foi o que aconteceu comigo e com a minha amiga. Então, a gente é desclassificado da prova e não pode concorrer ao prêmio de campeão”.
“Aqui tudo muito pontual. Se a largada era 11h38, era 11h38, nada mais, nada menos. Dez minutos antes você já tinha que estar ali na largada esperando para poder largar no horário pontualmente. Não teve nenhum atraso. A gente chegou lá e os obstáculos já estavam tudo montadinho, tudo certinho”.
“Eu fiquei muito feliz porque a gente é novo na modalidade do OCR. Eu basicamente não tenho nem um ano, menos de seis meses competindo na corrida de obstáculos. E essa conquista de um mundial para mim foi surreal. Foi algo que eu fiquei muito feliz porque, como eu disse anteriormente, é algo novo. E tem pessoas aqui que a gente conversou que estão nessa modalidade de OCR há 10 anos, há 12 anos, há 2, 3 anos, há muito mais tempo e a gente. Mesmo tendo começado agora, conseguimos aí lograr êxito em estar aqui, então para mim isso já foi uma grande vitória”.
“Outro fato que chamou muito a atenção, foi da montagem das estruturas. Durante o dia, estava montado para uma prova. No período da noite, já havia sido desmontada aquela estrutura e outra já estava no lugar. Isso aqui a gente achou espetacular. E o evento acabou no último domingo e hoje a gente está andando aqui pela cidade e a cidade estava espalhada com vários panfletos, divulgando a competição. Nossa, a gente achou espetacular, porque eles são muito rápidos em tudo”.
“Eu levei várias camisetas que eu tinha feito dos meus patrocinadores para poder trocar com as pessoas lá. E eu falei com um rapaz da Polônia e ele falou que ele nunca tinha visto em nenhuma competição aqui nos países europeus em que as pessoas trocassem camisetas. E eu falei para ele, isso é um hábito nas competições latino-americanas que as pessoas têm como uma forma de admiração e respeito pelo país que você está trocando a camiseta e também como uma forma de carinho, né? De você trocar uma recordação, algo que você possa levar da viagem para lembrar das pessoas e tudo mais. Então isso é bem legal”.
“Um desafio também era o idioma. Eu tentava falar um pouco com todo mundo, tanto em espanhol, quanto em inglês, português. Basicamente ninguém falava (português), apenas duas pessoas que a gente conheceu. Um que era brasileiro mesmo, que ele mora aqui na Suécia há muitos anos, mas ele não competiu, ele só estava indo para assistir. E outra pessoa que ele era descendente de brasileiro, mas ele mora aqui também, e ele falava um pouco português. Então ele ficou muito feliz em encontrar a gente lá e poder praticar um pouco, ele falou. Então foi muito legal a gente ter essa troca de experiência”.
“Resumindo, volto para Itapetininga com duas medalhas e uma vivência única. O sonho se tornou realidade”, disse a atleta Camila Carvalho.





