28 FEV 2021
PADRE REINALDO RAMOS
Com a quarta-feira de Cinzas tem início o tempo da Quaresma, em que os cristãos católicos são chamados à conversão por meio de atitudes penitenciais, como o jejum, a oração e a esmola.
A penitência é um meio de se garantir, mediante esforço pessoal e com a ajuda de Deus, a mudança de vida. Estimula a sair da zona de conforto para reencontrar o equilíbrio humano.
Na quarta-feira de Cinzas, com a imposição da cinza sobre a cabeça, a Igreja recorda a condição limitada do homem com sua fragilidade e pede o despojamento do seu orgulho, da sua vaidade e da autossuficiência que endurece o coração humano.
Com a prática do jejum, da oração e da esmola deve nascer um novo tipo de humanidade, um novo modo de se relacionar com Deus, com os irmãos, consigo mesmo e com a criação inteira.
A oração é o modo por excelência de se comunicar com Deus. No ordinário da vida pode acontecer de que a pessoa humana se limite a apreciar o imanente, o imediato, reduzindo a sua existência à realidade terrena, criando rupturas. A Quaresma é um forte convite à reconciliação com Deus.
Com a esmola reconhece-se o outro como irmão. Não há verdadeira conversão sem a caridade. Como posso dizer que amo a Deus que não conheço e menosprezar o irmão a quem vejo? Tempo que convida à reconciliação com os irmãos e irmãs, por meio da partilha dos bens materiais e espirituais.
Através do jejum é possível desenvolver a disciplina e o autodomínio. Um convite a superar a gula, o desperdício, o consumismo desenfreado, a ganância, a ansiedade. É um apelo forte à reconciliação consigo mesmo e com a criação.
Só se pode falar de conversão se tais práticas penitenciais virem acompanhadas de uma decisão interior e um grande esforço de renovação da mente e coração.
A Quaresma é, portanto, um tempo de “deserto”, isto é, tempo do essencial e da escassez, tempo de mortificação do eu, tempo de superação das tentações que geram o vazio humano, tempo de “gestação” do “homem novo”.