05 NOV 2020
PADRE REINALDO RAMOS
Estamos às portas das comemorações dos 250 anos da fundação da cidade de Itapetininga e da criação da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres. São 250 anos de história e 250 anos de evangelização.
No dia 05 de novembro de 1770 foi oficialmente criada a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres e uma missa solene foi celebrada pelo Padre Inácio de Araújo Ferreira.
Quanto à origem do título Nossa Senhora dos Prazeres, conta-se que em meados do século XVI, uma imagem da Virgem Maria apareceu junto à fonte da quinta dos Condes em Alcântara, Portugal, tendo comunicado àquela água a virtude de curar os doentes que dela bebessem.
Nessa ocasião, a mesma Virgem apareceu a uma inocente menina, mandando dizer a seus pais e vizinhos que edificassem naquele lugar uma capela, onde Ela fosse servida e invocada por todos sob o título de Nossa Senhora dos Prazeres. Feita a ermida, colocaram ali a imagem encontrada na fonte, a qual logo começou a operar maravilhas.
No Brasil existem algumas Igrejas dedicadas a esta invocação em Alagoas, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo, porém a mais famosa é a que se ergue nos Montes Guararapes, perto de Recife-PE.
Em 1862, o Padre Albuquerque iniciou a construção da segunda Igreja Matriz. Ela foi inaugurada em 1885 e foi demolida cerca de 60 anos depois, pois já não abrigava o crescente número de fiéis.
No dia 16 de setembro de 1945, o Sr. Bispo Diocesano de Sorocaba, Dom José Carlos de Aguirre lançou a pedra fundamental da atual Igreja Matriz de Itapetininga, sendo Pároco, o Padre Antônio Brunetti.
Um projeto arrojado e ousado, de autoria do renomado arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto foi apresentado, o mesmo arquiteto da Basílica Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida-SP. Ele é autor de mais 300 projetos de Igrejas no Brasil.
A nova Igreja Matriz possui 2,7 mil m² de área construída e levou mais de 20 anos para ser construída. A primeira missa foi celebrada no novo templo em 1951. Grande parte da obra foi terminada no tempo do Cônego Luiz de Almeida Moraes. A construção foi supervisionada pelo saudoso Comendador Prof. Antônio Antunes Alves.
A Igreja é um majestoso templo de estilo românico, com formato de cruz latina, com uma torre lateral do lado esquerdo e o batistério do lado direito. Possui no seu interior um cemitério, onde estão sepultados 6 padres que viveram e trabalharam nessa Igreja.
Durante a construção foram utilizados 800 eucaliptos de 800 m, para estaqueamento. Sendo 180 eucaliptos para estaqueamento da primeira ala e 200 para a segunda e os demais em outras etapas da obra.
Em 1951 foi concluído o fechamento da cúpula da Catedral. As rosáceas e vitrais foram colocadas em 1953. A construção da torre ocorreu de 1955 a 1958. A construção das escadas do coro e da torre foram terminadas em 1956. Em 1958 foi concluída a instalação elétrica e a colocação de para-raios. Nesse ano, foram adquiridos 100 bancos de canela.
Os idealizadores da obra, demonstrando grande sensibilidade artística, contrataram o notável escultor Alfredo Oliviani para esculpir em madeira a imagem da Padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres (ao centro da atual Igreja), cópia autêntica da imagem da mesma invocação, trazida de Portugal nos meados do século XVII e que se encontra na Igreja dos Guararapes, em Pernambuco.
Para completar as obras da Igreja foi contratado novamente o escultor Alfredo Oliviani para esculpir as maquetes do Calvário e dos quatro evangelistas, sendo mais tarde modeladas em gesso pelo famoso artista Gildo Zampol e que, hoje, ornamentam a nave principal e as duas laterais da Igreja, inauguradas pelo Padre Mário Donato Sampaio, em 28 de maio de 1985.
Até o ano de 1958, a cidade de Itapetininga possuía uma única Paróquia e a vida religiosa da cidade estava sob os cuidados de um único Pároco, como seu pastor próprio. Na atualidade, a cidade conta com 11 Paróquias e muitas outras comunidades.
No dia 19 de julho de 1998, com a criação da Diocese de Itapetininga, pelo saudoso Papa João Paulo II, a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres foi elevada à Catedral, com a chegada de seu primeiro bispo diocesano, Dom Gorgônio Alves da Encarnação Neto.
Atualmente, sou o Pároco e Cura da Catedral, mas me precederam 32 Párocos, além de inúmeros Vigários Paroquiais (auxiliares na Paróquia). Sou o primeiro Itapetiningano a ocupar o presente ofício de Pároco nesta Igreja.
A Igreja Catedral é verdadeiramente um cartão postal da cidade de Itapetininga. Recebe anualmente muitos visitantes que, ao entrarem no interior da Igreja, ficam encantados e maravilhados com sua exuberância e beleza.
Nesses 250 anos de evangelização, a Igreja Católica fez história na vida de incontáveis pessoas: batizados, casamentos, funerais, festas religiosas, missas… História que continua a ser escrita na perpetuidade de suas solenes celebrações.
Sob os auspícios de Nossa Senhora dos Prazeres, materna intercessora e Mãe da Alegria, contemplam-se as raízes religiosas embrenhadas no coração desta gente. Há 250 anos a cidade está sob sua proteção e bênção.
Deus seja louvado pela bendita herança recebida dos antepassados (padres e familiares) que testemunharam e levaram para frente a evangelização desta terra e fizeram deste povo depositários de uma história e de uma tradição que merece “MEMÓRIA”.
Que o Bom Deus continue a abençoar a cidade para que os filhos da terra contemplem “dias novos” no transpor do ano jubilar, plenos de esperança, a fim de que as gerações, de hoje e de amanhã, protagonizem prosperidades.