05 OUT 2020
PADRE REINALDO RAMOS
Com a proximidade das eleições municipais, cresce o debate político e o discurso generalizado proferido dogmatiza a democracia, apesar da disparidade dos interesses particulares partidários desconexos.
Nesse cenário nenhuma instituição, inclusive a religiosa, está imune das inferências políticas porque, se a política é a arte de fazer o bem, e o bem é o centro da religião, afirma-se e defende-se o caráter político da religião. A religião reclama justamente o direito de se expressar politicamente.
Assim, a religião faz política quando se coloca ao lado dos perseguidos e marginalizados, quando defende os mais fracos, quando luta por melhores condições de vida das pessoas, quando defende a vida em todas as etapas.
Entretanto, especificamente a Igreja Católica, consciente do seu papel decisivo no mundo político, repudia toda forma de “politicagem”, isto é, o desvirtuamento da política para interesses escusos e repudia, também, o partidarismo, ao autodeclarar-se apartidária.
É inadmissível, num país democrático, certos atores da opinião, tentarem neutralizar o papel da Igreja ou da religião frente a um momento decisório de capital importância sobre a coletividade, como são as eleições.
É papel da Igreja ajudar os fiéis para que tenham devido discernimento ao exercerem o direito de votar e estabelecer critérios gerais para que o fiel eleitor vote com responsabilidade, porque a decisão das urnas afeta o bem de todos.
A Igreja Católica recorda que, ao escolher o candidato, o eleitor observe a “ficha limpa” do mesmo. Se o candidato estiver pleiteando a reeleição, que o eleitor procure conhecer os progressos realizados no mandato anterior do candidato e quais projetos foram votados e se os projetos votados promoveram o bem comum.
Em toda a eleição os eleitores tem a possibilidade de uma grande renovação. Ninguém é obrigado a “perpetuar” o seu voto e nem se iludir com discursos vazios que defendem uma política de continuidade. A mudança política da realidade exige pessoas novas, com mentalidades novas, mesmo se as estruturas são antigas.