17 FEV 2021
JOVIR FILHO
Nossa cidade amanheceu com uma notícia inesperada acerca de um presente de grego do governador Dória ao município: a construção de um complexo com 4 novas unidades prisionais. Claro que poderíamos olhar pelo aspecto positivo, sendo uma possibilidade de novos empregos diretos e indiretos.
No entanto, este lado positivo é a parte menor da história, já que outras áreas de nossa cidade sofreriam consequências bastante negativas, uma vez que junto a uma unidade prisional vêm muitas outras características, tal como a mudança de familiares sem a menor infraestrutura para instalação no novo município, o aparelhamento maior do tráfico de drogas e do mundo da violência, a sobrecarga ao sistema de saúde, ao sistema educacional e a toda a rede de assistência social.
O entorno de um presídio concentra uma série de interesses diversos, no entanto, o mais preocupante deles diz respeito à influência indesejável do Primeiro Comando da Capital, o PCC. Mais presos, maior interesse de influência, o que afeta tudo ao redor e tal consequência não pode ser ignorada.
Felizmente, tanto nosso representante na Assembleia Legislativa, o deputado Edson Giriboni, como a nossa prefeita, Simone Marquetto, posicionaram-se contra tal obra e tal instalação, afinal, toda a estrutura municipal pode ser abalada, sobretudo num momento tão delicado como pelo que passamos em função da pandemia.
Temos um sistema de saúde no limite e que, hoje, já atende às unidades prisionais que existem no município e da circunvizinhança. Mais presos significaria um aumento de demanda por atendimento, porém, sem a menor preocupação do governo estadual em absorver o ônus, ficando as consequências à população itapetiningana, já tão sofrida.
Como dito acima, vindo famílias de presidiários, que normalmente aproximam-se por conta das visitas, são novas pessoas inseridas numa realidade que já sofre para manter uma infraestrutura precária e deficitária. O sistema educacional, por exemplo, não teria condições de suprir um aumento desta ordem, sobretudo porque há toda uma série de questões inerentes, de fatores incidentes e que comprometem o todo.
Não há o que comemorar, realmente. Por isto, precisamos nos manifestar, engrossando o coro de nossas autoridades políticas, inclusive, porque mesmo o aspecto positivo, que seria a geração de empregos, não pode ser entendido como benefício municipal, afinal, serão disponibilizadas vagas para ampla concorrência, seja por contratação de empresa privada, seja por concurso público. Que não passe de um péssima notícia e não se torne realidade tal intenção governamental.