23 MAR 2021
PADRE REINALDO RAMOS
Não é possível ignorar, nos dias atuais, a repercussão da pandemia na vida do povo brasileiro. Infelizmente, há muitos “negacionistas”, dentre eles, líderes políticos, que a reduzem a uma simples estatística.
Para uns, é só mais uma doença letal como muitas outras e há aqueles que afirmam que outras doenças matam muito mais e que os números veiculados pelos meios de comunicação não condizem com a realidade.
Outros, menosprezam que a Covid tem sido a principal causa de mortes no país. Para esses, os médicos estariam exagerando ao declarar a doença pandêmica como justificativa para os óbitos em geral.
Outros ainda, usam a pandemia como trampolim para as futuras eleições, com discursos oportunistas, disfarçados de preocupações com as pessoas vulneráveis. Exemplo imediato é o discurso de base do atual Governador do Estado de São Paulo.
Entretanto, não se pode esconder a transversalidade do polarismo político em meio a tudo isso. Temos um Governo Federal indiferente à dor de seus cidadãos. Essa indiferença se revela na mendicância da ajuda emergencial, na falta de apoio aos empresários em processo de falência, com o consequente desemprego, na falta de testemunho em relação às orientações sanitárias.
Para o atual Governo, no centro, está a economia. Nessa mentalidade, cada pessoa, um número, uma estatística. Os pobres mais pobres e os ricos, mais ricos. Enquanto isso, alimentos básicos mais caros, juros mais altos e boletos sem “piedade”, de instituições financeiras que não estão dispostas a perder.
Com o atraso das vacinas em massa, todos somos prejudicados. Famílias inteiras divididas, comércio sem perspectiva de futuro, igrejas sem culto, hospitais em colapso, profissionais de saúde estafados, uma sociedade em estado contínuo de luto.
Hoje, somos uma nação “desgovernada”. Políticos em guerra, cidadãos agressivos, paciência nula, intolerância quase zero. Até agora parece que se aprendeu muito pouco com a pandemia.
O ideal seria que as pessoas fossem mais fraternas e solidárias, que valorizassem o diálogo como meio de crescimento mútuo, que promovessem a paz, depondo as armas da indiferença e da divisão.
Tudo poderá ser diferente se a decisão de mudança nascer no próprio coração, se cada pessoa fizer bem a sua parte, se cada um colocar-se no lugar do outro.