19 AGO 2020
REDAÇÃO
Ao observarmos uma foto de 100 anos atrás, de uma aglomeração popular qualquer aqui no Brasil, vários traços de diferença poderemos constatar em comparação aos nossos dias, no entanto, uma merece maior atenção: a condição física visual das pessoas.
A obesidade, por exemplo, não era vista com facilidade nestes registros, ao contrário, podemos constatar a prevalência de pessoas esbeltas e, não raro, uma grande quantidade de pessoas mais magras. Este Brasil, porém, de 100 anos atrás, segundo dados oficiais (IBGE), possuía uma expectativa de vida de 34,5 anos e, em grande medida, o que explica tal realidade é a grande incidência de mortalidade infantil à época e suas mazelas nas camadas mais pobres. Além disso, tínhamos baixíssimos índices de saneamento básico e uma medicina ainda sem suas maiores conquistas, que vieram ao longo do século XX. E o que dizem estes dados e tal constatação?
Muitos fatores contribuíram para uma alteração na longevidade humana, inclusive aqui no Brasil. Sem dúvida, o principal elemento diz respeito ao combate à mortalidade infantil, com seus diversos fatores, como a imunidade, a higiene básica, o acesso à informação e, sobretudo, a desnutrição. A tecnologia aplicada à produção de alimentos, do campo à transformação industrial, tornou a carência alimentar algo cada vez menor, assim, com tais tecnologias, passamos a ter um oferecimento cada vez maior de alimentos e cada vez mais ricos em calorias, não necessariamente saudáveis. De qualquer forma, o corpo, da maioria dos brasileiros, dos recém-nascidos aos mais idosos, passou a receber mais energia e, também, a acumular seus excedentes, o que levou ao cenário de obesidade que temos hoje, quando uma foto é quase a antítese do que era 100 anos atrás: difícil encontrarmos a prevalência do esbelto e, menos ainda, do magro. Então, a magreza pode ser associada à menor expectativa de vida e a obesidade à maior expectativa, como temos hoje de 76,7 anos (IBGE)?
Não! Muitos outros fatores entram nesta conta e a mudança no tipo físico do brasileiro tem a ver com alterações comportamentais das últimas décadas, principalmente, no início deste século, com agravamento nesta década em que vivemos. Há um século, por exemplo, a atividade física, em função do trabalho, mais manual e mais rural, e da ocupação do tempo em lazer, com práticas esportivas e mais tempo ao ar livre, não permitiam uma prevalência do sedentarismo, assim, o corpo tinha outra condição ao longo da vida. O século XX trouxe os avanços na ciência, sobretudo na medicina, o que mudou a condição humana em relação às doenças e aos principais problemas sanitários de danos à vida. Acontece, porém, que este século trouxe cada vez mais comodidades que, no comportamento de massa, passaram a ser sinônimo de acomodação, levando ao sedentarismo prevalecente que temos hoje.
Num mundo ideal, então, precisaríamos ter a condição física de 100 anos atrás, com os recursos tecnológicos e avanços da medicina que temos hoje, além da abundância alimentar que experimentamos, porém, melhor qualificada. A partir desta visão de mundo, devemos pensar na construção do futuro, sobretudo no envelhecimento das gerações que temos hoje.