Restaurador de veículos antigos, entre eles a kombi (conforme reportagem publicada neste site), o ex-vereador Adilson Nicoletti, 57 anos, também é apaixonado pelo ciclismo. Uma paixão que começou em criança e o levou a competir em alto nível(chegou a ser pré-convocado para a Seleção Brasileira, para os Jogos Panamericanos na Argentina) mas a carreira foi curta. Apesar disso, nunca se afastou definitivamente das pistas. Mais recentemente, ele passou a adquirir bicicletas de competição (speed), muitas das quais são ícones do esporte, tendo participado de competições como o Tour de France, e conduzidas por nomes consagrados do ciclismo de velocidade.
“Eu comecei a competir menino, mas entrei na faculdade e parei; estava em um nível alto e vocênão consegue manter um nível alto sem treinar muito, mas eu trabalhava de dia e estudava a noite. Estava no nível de Seleção brasileira, pré-convocado para os jogos Panamericanos na Argentina”, lembra Nicoletti.
Ele lembra que foi incentivado pelo técnico Tinhola a competir, mas explica que “você não consegue manter nível alto sem treinar muito e não tinha incentivo naquela época, então parei temporariamente. Depois me casei, tive meus filhos, mas nunca ne afastei definitivamente, ficava indo e voltando, participava de uma competição e parava um pouco. Nunca como prioridade; a prioridade era minha família. Mais recentemente, que eu já estou em uma idade um pouquinho maior comecei a adquirir bicicletas de competição da minha época e dos anos 80 e 90. Eu não gosto de falar que coleciono, eu digo que é um ajuntamento de bicicletas. Gosto muito de história e fui pegar essas bicicletas históricas de competição, do mais alto nível”, conta Nicoletti.
Importância da bicicleta
“Todo menino adora uma bicicleta”, afirma Nicoletti, acrescentando que “bicicleta passa uma ideia muito grande de liberdade, ir mais longe, sair pela cidade, na época não era tão perigoso quanto hoje, sair daquele mundinho onde você vivia”.
Segundo ele, a bicicleta teve um papel importante na história, pois ampliou os horizontes da humanidade. “Antes da bicicleta, algumas pessoas tinham cavalo para se locomover, mas custa caro manter, era difícil para pessoas pobres manter e alimentar um cavalo. Até 1950, as pessoas nasciam, viviam e morriam em um raio de 30 km. Antes dos carros, a bicicleta entrou forte e ampliou isso. Era um veículo mais barato e que não dá gasto, antes do automóvel foi o grande veículo de libertação, assim como hoje…quanta gente não usa a bicicleta? É o caso do empresário que passa a semana estressado no escritório e no fim de semana pega a bicicleta para dar uma volta nas estradas e desestressar. Muita gente anda de bicicleta hoje como terapia. E eu gosto de veículos em geral, todos os veículos, porque proporcionam essa liberdade”.
Foco em modelos top
Em seu “ajuntamento bacana de bicicletas”, como ele mesmo diz, Nicoletti tem como foco a qualidade e não a quantidade. “São mais de 50 e pelo menos umas 10 que são únicas no Brasil. Algumas raras no mundo inteiro. São bicicletas icônicas, do Tour de France, Giro D’Itália, Olímpiadas e Campeonatos mundiais”, conta Nicoletti, acrescentando: “se fossem carros, seriam Ferrari, Porsche, Lamborghini, etc..”.
Em sua coleção, a bike mais velha é de 1949. “Mas a bicicleta que uso diariamente é de 2020. Como já disse, o foco são bicicletas top e com história, principalmente de quando comecei a correr e dos anos 80 e 90”, afirma Nicoletti, que possui também uma bicicleta que usa aro de madeira, anterior ao uso do alumínio. “Meu foco é ter as melhores bicicletas da era do cromoly, como são chamadas as bicicletas feitas em cromo-molibdênio”, explica o colecionador.
À moda antiga
Adilson Nicoletti fala também sobre o Giro Vechio, uma iniciativa na qual os competidores andam de bicicletas antigas (fabricadas até 1987) usando roupas da mesma época. “A data limite é 87 porque a partir desse ano as bicicletas de competição (speed) passaram por mudançassignificativas para competição. Hoje é muito mais fácil pedalar do que na minha época”, diz Nicoletti. O evento brasileiro é inspirado na L’eroica, competição que atrais milhares de competidores na Região da Toscana (Itália), para um passeio pelas estradas da região. Todos com roupas e bikes de 30 anos.
Pandemia
Mesmo não treinando mais tão forte quanto antes. Adilson Nicoletti participou de provas até há dois anos. “Competi até antes da pandemia. Fui vice-campeão da Copa Sudoeste de MTB em 2019 (último campeonato),. Pra 2020 eu treinei para tentar o campeonato, mas a pandemia interrompeu na segunda prova. Talvez eu volte neste ano. Mas agora só tem MTB, que não é minha praia. Meu negócio é velocidade. No MTB eu meio que engano. Tiro a diferença onde dá para mandar a bota, mas andar em trilha e areião não é a minha praia. Vou muito mal nessas partes. Aí quando cai no estradão eu mando a bota e recupero o tempo perdido”.
Ressaltando que Mountain Bike (MTB), é o que “todo mundo pratica hoje, e é pra onde o mercado vai”, Nicoletti lamenta que a modalidade speedesteja acabando no Brasil. “Na Europa o sonho de todo ciclista de outras categorias é ir pro Pro Tour, que é o ciclismo de speed, o topo da cadeia, tanto em termos de nível de competição quanto de salário para os praticantes”.
Área a ser explorada
Adilson Nicoletti acredita que passeios turísticos de bicicleta deveriam ser melhor explorados no município. “Itapetininga possui 4,2 mil km de estradas rurais; cada estrada é um caminho e para o ciclista o que importa é o caminho”. Segundo ele, algumas cidades da região já deenvolvem iniciativas neste sentido, como Sarapuí. “Tem um bar em Sarauí que se tornou ponto de encontro de ciclistas, tem até estacionamento para bikes. Todo mundo vai lá”, diz Nicoletti. Ele também analisa a possibilidade, sugerida por amigos, de possibilitar visitas monitoradas para quem quiser conhecer sua coleção. “Esta é uma porta que está aberta; eu gosto de abrir portas, mas se vou entrar é outra história”, finalizou.