15 MAR 2021
EVERTON DIAS
A médica cardiologista Márcia Amaral foi a primeira pessoa a ser vacinada em Itapetininga. Ela atua na linha de frente no Hospital Léo Orsi Bernardes (HLOB) e foi contaminada no final de agosto do ano passado. O quadro dela evoluiu para insuficiência respiratória e precisou ser entubada. Foram 13 dias de internação, sendo 10 na UTI em quadro gravíssimo. Ela voltou ao hospital após 40 dias afastada em recuperação. Ao site Cidade Itapetininga, a médica conta como foi a luta dela para vencer o vírus e como ajuda as pessoas nesta fase crítica da pandemia.
A médica atua na área emergencial há 15 anos. No HLOB, ela atende a pacientes que chegam em sala de emergência e acompanha a evolução diária na enfermaria. Mesmo vacinada, ela cumpre rigorosamente as medidas de prevenção. “A Covid-19 não tem cura , mesmo vacinada ainda existe o risco das variantes”, explica.
Ela conta que o coronavírus mudou a sua vida para sempre. “Não só a minha forma de pensar e sentir algumas coisas, de dar valor a coisas tão simples da vida que talvez antes por causa da rotina agitada eu não percebesse antes”, diz.
Um dos impactos mais fortes causados pelo vírus foi a morte da amiga e também médica Jaqueline Cardoso Vieira em dezembro do ano passado. “Mudou minha vida porque tirou de mim minha melhor amiga e parceira de trabalho que não resistiu. Foi um choque pra mim. Nunca mais será igual. Tínhamos uma parceria tão grande dentro e fora do hospital e em mim ficou um vazio muito grande”, relata.

A médica também fala da sua recuperação. “Voltei após 40 dias afastada me recuperando. Após sair do hospital, tive síndrome pós-covid. Não conseguia andar, sentia muita tontura, fraqueza, taquicardia, falta de ar e fazia fisioterapia diariamente. Demorei dias para andar sem ajuda, pois precisava de auxílio para atividades rotineiras, como para me vestir. Não tinha nenhuma força muscular, não conseguia levantar o braço para escovar o cabelo”, conta.
O trabalho da equipe que atua na linha de frente do HBLO foi fundamental para a sua recuperação. “Sou grata a todos meus colegas que me atenderam, aos funcionários da enfermagem, fonoaudióloga, fisioterapia, ao pessoal da limpeza e cozinha. Recebi tanto carinho de todos eles que não tenho como agradecer. Acima de tudo, sou grata a Deus que me deu uma nova chance”, agradece a médica.
Doença avassaladora
Em todos os seus anos de atuação, a médica considera a Covid-19 como uma das doenças mais avassaladoras que já conheceu. “Só quem passou por isso sabe. A Covid-19 te derruba e te isola, no momento mais frágil de sua vida. É uma doença terrível que te isola de amigos e familiares”, diz.
Ela pede para que a população tome cuidado. “Estamos num momento muito crítico mundialmente. A Covid-19 ainda está fazendo muitas vitimas no nosso país. Não podemos afrouxar as medidas de isolamento social. Temos que ter cuidados com a higiene, lavar as mãos constantemente, usar álcool gel e máscaras. Também higienizar com frequência o celular e objetos utilizados, não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos. Cuide-se e cuide da sua família, proteja quem você ama. Ame a vida, o nosso maior bem”, conclui.